Conheça a história que há por trás das emblemáticas calçadas portuguesas, que são hoje um símbolo português de cultura e arte.
Pretas e brancas, simétricas ou não, as calçadas têm formas e desenhos que narram uma época.
Quando se originou, em meados de 1500 as “calçadas à portuguesa” como eram conhecidas, utilizavam o granito trazido da região do Porto como matéria prima. Porém, o transporte tornou a continuação da obra inviável.
Mais tarde, após o terremoto que devastou Lisboa, as calçadas, tal como as que conhecemos hoje, foram construídas com pedras de calcário preta e branca, e aplicadas em cubos com enquadramento diagonal.
Reis, terremotos, presidiários e até um rinoceronte protagonizaram essa história, e hoje vamos contar um pouco mais sobre as Calçadas Portuguesas que encantam a todos que visitam Portugal.
Índice de Conteúdo do Artigo
A primeira calçada portuguesa
Pode parecer mito, mas as calçadas portuguesas tiveram origem por conta de um Rinoceronte chamado Ganga.
Sim, a história se passou por volta de 1500 quando o Rei D. Manoel I de Portugal recebeu de presente do fundador do Império Português no Oriente, Afonso de Albuquerque, um rinoceronte ornamentado.
O animal na época foi um acontecimento peculiar para Lisboa e toda Europa, já que desde o século III não se via um rinoceronte no continente.
Como o rinoceronte ficou famoso na cidade, o Rei o levava para um cortejo durante as festividades de seu aniversário.
No entanto, o gigante mamífero de quase 2 toneladas andava pelas ruas e acabava por sujar as patas de lama e também toda a comitiva. O rei então ordenou que fosse pavimentado a rua com pedras de granito vindas da cidade do Porto para a ocasião a fim de resolver um problema.
A primeira rua calcetada, foi a Rua Nova dos Mercadores, antes Rua Nova dos Ferros.
Elas têm início nas datas em 20 de Agosto de 1498 e 8 de Maio de 1500 com cartas régias assinadas pelo Rei D. Manoel I. Nessa época, o material utilizado foi o granito trazido da região do Porto, que mais tarde foi extinguido pela dificuldade de transporte.
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O terremoto e o recomeço
Após o terremoto de 1755 que atingiu Lisboa, a reconstrução foi resumida às necessidades primarias e emergenciais e as calçadas portuguesas ficaram em segundo plano.
Já passado um século, no ano de 1842, o Governador de Armas do Castelo de São Jorge, tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado, que era um engenheiro e conhecedor das técnicas de construção romanas, ordenou que fosse “calcetada” a Praça do Castelo de São Jorge utilizando pedras de calcário branco e basalto negro. A mão de obra utilizada foram os presos da cadeia do Limoeiro, chamados de ‘’grilhetas’’.
Esta então criada a primeira calçada decorativa, mais conhecida hoje por Calçadas Portuguesas.
A praça exibia um enorme tapete com formas zigue-zague que impressionou todos os lisboetas que por lá passavam.
Infelizmente não é possível hoje vermos essa bela obra, pois com as reformas do Castelo na década de 40, a calçada foi destruída, deixando nenhum resquício do que esteve lá um dia.
Mas com o impacto positivo que o calcetamento tinha deixado em Lisboa, não demorou muito para que novas praças fossem revestidas de pequenas pedras calcárias.
Seis anos mais tarde, a importante praça do Rossio foi calcetada sob comando do mesmo engenheiro-militar tendo 8712 m2 revestidos em 323 dias.
A praça com o desenho que simulava ondas pretas e brancas foi nomeada Mar Largo em homenagem aos descobrimentos Portugueses.
Mais tarde foi reproduzido no calçadão da praia de Copacabana do Rio de Janeiro. Após diversas reformas, o Rossio acabou por perder boa parte desse revestimento restando apenas uma área ao redor da estátua de D. Pedro IV.
Felizmente, em 2003, o grandioso tapete foi refeito e mantém a grandiosidade do que já foi um dia. Com desenhos de ondas que transmitem ilusão de óptica dependendo do ponto de vista de quem observa. É uma obra de arte à céu aberto para os que visitam a região.
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Calçadas portuguesas nos dias de hoje
Não é preciso visitar grandes praças para conhecer as calçadas portuguesas.
Essa arte se espalhou por Portugal e hoje é possível vê-la em diversas cidades, de diferentes formas, cores e tamanhos.
Cada qual com suas singularidades e muita história. Desenhos, emblemas, frases, tudo é possível nessa arte de decorar ruas e praças.
Quando vier à Portugal, além de vislumbrar as belas paisagens e monumentos, lembre-se também de olhar para o chão e apreciar esse trabalho minucioso e de tanto valor para a história de Portugal.
Às mulheres, deixo aqui uma dica valiosa para que deixem seus saltos finos em casa, pois as calçadas portuguesas não são lá muito adaptadas para esses sapatos. ☺