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Nesse segundo artigo sobre o Censo de Portugal, vamos contar um pouquinho sobre como são os portugueses e quais os dados que foram coletados, que nos ajudam a compreender um pouco sobre a população lusitana!

Se você não sabe sobre o que estamos falando, o primeiro artigo sobre o tema foi sobre as moradias em Portugal e você pode consultá-lo aqui

E sim, assim como no Brasil, em terras lusitanas também é realizado o Censo, que é um conjunto de dados estatísticos que informa diferentes características da população portuguesa e aqui, vamos a fundo nesse tema, para entender um pouco sobre como são os portugueses, segundo o que pôde ser levantado através dos números!

Assim, se você está pensando em morar em Portugal, é muito importante entender a população local, para que o processo de adaptação seja o mais tranquilo possível.

Como se enxergam os portugueses perante os demais países da Europa?

Não há como negar que há uma certa crise de identidade entre os portugueses quando eles se comparam com outros países da Europa, principalmente, se a comparação ocorre no nível econômico.

Há quem diga que o motivo para isso é a posição geográfica do país que, por estar no canto do continente, era esquecido. Já outros, entendem que é por conta da falta de investimentos relevantes que pudessem ter ajudado Portugal a se desenvolver mais ao longo da história, tal como outros países da Europa.

Seja por um motivo ou outro, é fato que por muitos anos, Portugal, que é o país geograficamente mais periférico do velho continente, teve que lidar com as condições naturais adversas que seu território lhe proporciona, sem poder contar com o apoio ou parceria de qualquer outro país europeu, já que o país passou a fazer parte da União Europeia somente em 1986.

Assim, todo esse tempo de desunião dos países europeus, somado com adversidades econômico-sociais, foi determinante para gerar a primeira característica na população portuguesa que prevalece até os dias atuais: a busca de melhores condições em outros territórios.

Então não estranhe encontrar portugueses se comparando com outros europeus, ou reclamando da política e economia portuguesas, pois os portugueses ainda estão longe de se darem por satisfeitos somente pelo fato de serem membros da União Europeia.

Como são os portugueses com relação ao trabalho?

Se você já teve alguma experiência de trabalho ou até mesmo férias em um país europeu, você já deve ter percebido uma diferença com o Brasil. E mesmo se não, já deve ter ouvido falar que o ritmo é outro.

Bom, se o nível de rendimento per capita dos países depende da produtividade do trabalho, como disse o Prémio Nobel da Economia Paul Krugman, Portugal deixa um pouco a desejar nesse critério.

Para se ter uma ideia, segundo o que revelou o último Censo português sobre como são os portugueses, um trabalhador em Portugal, por hora de trabalho, produz cerca da metade do valor produzido por um trabalhador na Alemanha. 

Mas por que isso ocorre?

Esses dados não querem dizer que os portugueses não sejam produtivos, mas há outros fatores que ajudam para que a produção não seja tão intensa quanto a de outros países. 

Um fator já falado é a condição geográfica do país, com pouco território é difícil manter uma grande população produtiva.

Para além disso, a população ativa portuguesa, que é aquela entre os 15 e 64 anos, atingiu 7 milhões em 2002, mas já diminuiu 6% entre 2008-2019. 

Além disso, os números revelam que até 2050, a população portuguesa diminuirá cerca de 11%, e as pessoas com com 65 ou mais anos deverão representar cerca de 36% da população (em 2020, ela era de 22,4%). 

Já quanto à população considerada ativa, há uma previsão que poderá ter uma queda de 26% até 2050.

Mas há esperança?

Apesar dos números alarmantes, eles não são públicos a toa. Esta é uma preocupação de Portugal e de muitos outros países da Europa, que assistem às suas populações ativas envelhecerem.

Então, sim! Há esperança, especialmente para os jovens estrangeiros que querem viver na Europa! 

Será cada vez mais comum os incentivos dos governos para atrair mão-de-obra jovem, que irá contribuir para o aumento da produtividade com a ajuda da tecnologia.

E tais incentivos já estão surtindo resultados, segundo o ranking internacional, Global Competitiveness Index 4.0 do Fórum Econômico Mundial, que aponta os países que ocupam os principais lugares da economia global, em 2019, Portugal atingiu 70,4 pontos (de 100), o que o posiciona em 34º lugar, entre 141 países, sendo que primeiro lugar ficou com Cingapura, seguido dos Estados Unidos. 

Como são os portugueses com relação aos estudos?

Se antes estávamos falando sobre trabalho e produtividade, o fator decisivo que determina a produtividade de um país é a sua população e sua vontade de estudar e contribuir para a inovação.

Assim, quanto mais estudo, mais produtividade e, consequentemente, mais riqueza é gerada.

Percebendo isso, Portugal passou por longos períodos de adaptação para definir como são os portugueses hoje, ou seja, com grande parte da sua população com o ensino superior concluído.

Para entender um pouco essa evolução, podemos dividir o processo em algumas etapas históricas:

  • Portugal na década de 70 – 26% da população portuguesa era analfabeta e 35% da população empregada se concentrava no setor agrícola e as famílias não incentivavam o estudo, já que o trabalho era mais importante, para a própria subsistência;
  • Estado Novo – essa época de Portugal também não enxergava na educação um mecanismo de aumento de produtividade econômica e somente 1% do PIB era destinado para os estudos;
  • Estado democrático – foi somente a partir de 1990 que 4% do PIB português passou a ser destinado para a educação e as coisas começaram a melhorar.

Em 2011 a taxa de analfabetismo estava em 5,2% e era mais concentrada na população mais idosa. Além disso, o acesso ao ensino superior e secundário (equivalente ao ensino médio brasileiro) passou a ser mais fácil.

Com isso, em 2019, 75% da população entre os 25 e os 34 anos tinha concluído pelo menos o ensino secundário e, dentro da faixa etária de 30 aos 34 anos, 36% possuíam um diploma do ensino superior. Só para se ter uma ideia, em 2021, somente 21% da população brasileira possuía ensino superior, segundo um estudo da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Ou seja, diante dos incentivos e compreensão da importância dos estudos, podemos dizer que os portugueses possuem uma boa relação com a educação.

Os portugueses são ricos?

O conceito de riqueza é muito relativo e envolve muitos fatores.

O que tem se percebido na população portuguesa ao longo dos anos é que cada vez mais as pessoas estão conseguindo manter um nível de vida financeiramente mais estável.

Apesar de um cenário mais positivo, infelizmente, ainda há uma parte da população que é considerada em risco de pobreza, 17,2% em 2018, sendo tal risco mais concentrado na população idosa.

Além disso, segundo um estudo publicado pela Global Wealth Report 2022, em 2020, a riqueza média de um português era de 52,4 mil dólares e, segundo a estimativa, grande parte dos adultos portugueses terá uma riqueza avaliada entre dez mil dólares e 100 mil euros (43,8%) e entre 100 mil e um milhão de euros (31,3%).

Segundo o que revelou o estudo ainda, estima-se que os portugueses possuem uma riqueza avaliada acima dos 154 mil euros, o qu coloca a riqueza dos portugueses acima da média mundial de 87,5 mil euros.

Ou seja, apesar da riqueza estar concentrada em uma camada privilegiada da população, os números sinalizam o potencial de riqueza da população de Portugal.

Há desigualdade entre os portugueses?

Quando falamos em desigualdade, os estudos do Censo sobre como são os portugueses, revelaram a desigualdade econômica e a desigualdade de gênero.

Sob o ponto de vista econômico, ainda há desigualdade na sociedade portuguesa, mas ela está diminuindo. Só para citar um exemplo, em 2018 foi apurado que a população mais rica ganhava em média 5,2 vezes mais que a população mais pobre, mas com o desenvolvimento econômico, tal número tenderá a diminuir.

Já quando o assunto é desigualdade de gênero, Portugal tem registrado progresso.

No setor da educação, por exemplo, em 2020, as mulheres representavam 54% dos inscritos no ensino superior. Já no quesito dos salários, a diferença salarial entre os homens e as mulheres de Portugal, teve uma queda entre 2000 e 2018, e a taxa de desigualdade diminuiu de 22% para 15%.

Apesar do cenário, assim como em muitos lugares do mundo, ainda há espaço para melhorar, já que no campo das lideranças em grandes empresas, em 2020, apenas 22% dos membros dos Conselhos de Administração das principais empresas eram mulheres.

É português com certeza!

Após tudo o que falamos até aqui sobre como são os portugueses,  uma coisa certa: os portugueses são uma população esforçada, gostam de reclamar (quem nunca?) e estão cada vez mais tentando encontrar em seu próprio país motivos para ali ficarem.

Então, se você está pensando em morar em Portugal, respeitar a cultura e o jeito de viver dos portugueses será decisivo para a sua adaptação.

By Fernanda Terron

Advogada, escritora e empreendedora na Europa. Sou aquela que deixou a rotina das 09h às 18h em grandes empresas para viver a experiência do desconhecido, primeiro, desbravando Portugal e, hoje, a Alemanha. Nesta vida que levo, descobri que viver pode ser bem descomplicado, dependendo da forma como você enxerga o mundo e das pessoas que você encontra no caminho.

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