Mudar de casa, bairro ou cidade já costuma dar trabalho e exigir adaptação. Agora imagine trocar de país, ainda que temporariamente! Sim, a transição pode ser mais fácil para algumas pessoas, mais difícil para outras – afinal, são muitos fatores a serem levados em consideração – mas o fato é que precisamos estar preparados e conscientes quanto a esse processo para que tudo corra da melhor forma. Por isso, neste texto vamos falar um pouco sobre a adaptação em Portugal.
A intenção é apresentar algumas dicas que auxiliem na ambientação ao país e comentar algumas curiosidades que podem até parecer simples, mas, talvez, venham a contribuir de alguma forma – até mesmo para os visitantes.
Índice de Conteúdo do Artigo
Adaptação em Portugal com Alimentação
É preciso lembrar que hoje vivem legalmente em Portugal mais de 183 mil brasileiros. Some isso à relação histórica entre os dois países e não fica difícil imaginar que as similaridades em termos de alimentação sejam muitas – o que facilita ao pensarmos em adaptação a Portugal.
Além disso, existem várias lojas espalhadas pelo país que oferecem produtos típicos do Brasil (ainda que nem sempre os preços sejam acessíveis). Alguns supermercados também oferecem setores destinados quase exclusivamente à nossa culinária.
Ainda assim, algumas diferenças podem causar estranheza na adaptação em Portugal – não queremos dizer que algo é melhor ou pior, isso depende da interpretação de cada um.
Por exemplo, no supermercado os grãos crus costumam custar bem mais caro do que os cozidos, que já são vendidos em vidro ou lata (como feijão e grão de bico).
Mas se você não abre mão de fazer uma feijoada típica brasileira é bom trazer consigo uma panela de pressão. Além da maior dificuldade para encontrá-las aqui, o preço costuma ser salgado: pelo menos 40 Euros uma de 4,5 litros.
A praticidade dos buffets por quilo, assim como as comidinhas de rua e a oferta de alimentos à beira-mar também não são comuns em Portugal.
Assim, se for à praia, por exemplo, vá preparado com alguns lanches e bebidas ou então com dinheiro para consumir nos bares e restaurantes no entorno – o costume de quiosques na orla, como no Brasil, não existem – raras exceções.
Dentre os petiscos, encontramos similaridades – como o bolinho de bacalhau, típico português – mas também várias diferenças: o aipim e a polenta frita dão lugar às amêijoas e à moela.
E lembre-se: a pastelaria não é onde você vai encontrar aquele pastel típico brasileiro. Em Portugal ele também não é comum e a nomenclatura serve para se referir às padarias. Pastel é mesmo o pastel de nata/Pastel de Belém.
Comércio em Portugal: igual ao Brasil?
De modo geral, o brasileiro está acostumado à barganha: pedir um desconto aqui, outro ali – e a prática serve para quase todo tipo de negociação, seja nos grandes ou pequenos comércios.
Em Portugal isso é bem atípico e pode até mesmo causar grande estranheza no vendedor ou dono do estabelecimento. Também não espere que o preço seja “arredondado”: as moedas de um e dois cêntimos tem valor e assim como o comerciante espera recebê-la, você também pode ter a certeza do troco exato.
Conhecer a maneira de se relacionar nesse tipo de situação, ainda que como cliente, faz parte da adaptação em Portugal.
Da mesma forma, as “promoções casadas” como vemos no Brasil – naquele estilo “Compre 4 pneus e ganhe geometria e balanceamento” – são muito incomuns, assim como a possibilidade de parcelar qualquer compra no cartão de crédito: proporcionalmente, poucos estabelecimentos, e excepcionalmente, oferecem essa modalidade de pagamento.
A propósito, conseguir um cartão de crédito não é assim tão fácil. Além da renda a ser comprovada existem mais exigências. Por outro lado, as taxas e os juros são bastante acessíveis e bem mais baixos do que estamos acostumados – inclusive para transações bancárias e empréstimos.
A variedade de produtos à venda na internet em sites nacionais também é menor e nem sempre compensa em relação às lojas físicas – a semelhança é bem maior que no Brasil.
Transporte público mais efetivo
Empurra-empurra para entrar no ônibus ou no metrô, veículos completamente lotados onde se corre o risco de ser assaltado…Não é possível generalizar, mas, infelizmente, essas são realidades em muitas cidades brasileiras, especialmente as maiores.
Elas não se repetem em Portugal, para a alegria dos usuários do transporte público – mesmo nas grandes cidades como Porto e Lisboa – ainda que na comparação com outros países europeus a qualidade possa deixar a desejar.
A malha ferroviária portuguesa para transporte de passageiros entre as cidades também é mais ampla que a brasileira, com oferta de trens de alta velocidade inclusive em rotas internacionais.
Aliás, no que diz respeito a viagens para outros países, são muitas as promoções de passagens aéreas de baixíssimo custo (não raramente a partir de cinco euros) através de companhias low-cost como Easyjet e Ryanair – algo que, para os amantes de viagens, pode facilitar a adaptação a Portugal.
Agora, atenção, na adaptação em Portugal: se você acha ruim poder viajar apenas com uma pequena mala de mão entre os aeroportos brasileiros, saiba que nessas companhias econômicas as dimensões da bagagem são ainda menores e qualquer excesso costuma custar mais caro do que a própria passagem.
Por isso, é necessário estar atento a todo regulamento – que costuma cobrar até mesmo pela impressão do bilhete de embarque, caso necessário.
Falando em bagagem, outra curiosidade: nas viagens intermunicipais de ônibus esteja preparado para colocar e tirar seus pertences do bagageiro externo.
Não há cobrador e o motorista não irá fazer isso por você. Também não espere receber qualquer ticket de identificação pela sua mala.
Ensino Superior em Portugal
Ainda sobre a adaptação em Portugal, todas as universidades são pagas, até mesmo as públicas – onde os estudantes colaboram com taxas moderadoras que variam entre estudantes nacionais, oriundos da União Europeia ou estrangeiros.
Mas, diferente do Brasil, não existem mensalidades: o valor da chamada “propina” é anual, podendo ser pago em até dez parcelas.
O ano letivo começa em setembro, com o primeiro semestre indo até janeiro, enquanto o segundo ocorre entre fevereiro e junho. As notas vão de zero a 20 e não de zero a 10.
O ensino superior é dividido em três ciclos de estudos: Licenciatura, Mestrado e Doutorado. À exceção do terceiro ciclo, os outros dois podem ser cursados não apenas em Universidades, mas também nos Institutos Politécnicos.
Como parte da adaptação a Portugal – e dos estudantes à rotina do ensino superior, especialmente da graduação (licenciatura) – é bom saber que aqui as praxes (com conotação semelhantes à dos “trotes” no Brasil) são levadas muito a sério e duram o ano letivo inteiro.
Não é possível afirmar que todas sejam realizadas sem excessos, mas, com o passar dos anos, essa prática estudantil foi se modificando e incorporada à sociedade.
As festas da Latada e da Queima das Fitas – tradicionalmente realizadas ao final da praxe – são eventos sazonais que regulam o calendário de cidades universitárias. A propósito, vale a pena pesquisar sobre as tradicionais vestes dos estudantes portugueses, que chamam bastante a atenção dos brasileiros.