Lisboa é a maior cidade de Portugal e não é por acaso que é a capital do país. Com mais de 20 séculos de existência, esta metrópole tem características únicas que fazem com que a história de Lisboa seja pautada por reis, tragédias, descobrimentos, reconquistas e reconstruções.
Fundada pelos fenícios há mais de 2800 anos, Lisboa distingue-se por se ter conseguido sempre reinventar perante todas as adversidades. Já foi dominada por romanos, por muçulmanos, por cristãos e até mesmo por um regime ditatorial. Contudo, conseguiu sempre superar as dificuldades e, assim, crescer e prosperar.
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A fundação de Lisboa
A história de Lisboa começa no século IX a.C., quando os fenícios, um povo de comerciantes e navegantes, se estabeleceram na Península Ibérica. Atraídos pela localização estratégica de Lisboa junto ao rio Tejo, os fenícios depressa criaram um importante porto comercial, que serviu de ponto de partida para as rotas comerciais fenícias com o Mediterrâneo Oriental. Sob o nome de Alis Ubbo (ou “porto seguro” em português), nasceu Lisboa.
O domínio romano
No ano de 196 a.C., Lisboa foi conquistada pelos romanos e, por isso, passou a ser considerada a capital da Lusitânia Romana. Por esta altura, ficou a ser denominada Olissipo. A história de Lisboa é tão importante que há quem tenha um nome específico para a designar: olissipografia.
Em Lisboa, nesta época, começaram a viver bastante famílias, que cultivavam as suas terras e que, em troca de vinho e comida, recebiam proteção. Face à já conhecida excelente localização estratégica, a cidade era um importante centro de defesa do Império Romano.
A queda do Império Romano
A partir do século III, o Império Romano começou a dar sinais de uma profunda crise, consequência de problemas internos e externos, como a extensão do Império, a corrupção, a diminuição do poder militar e a instabilidade política e econômica que se fazia sentir. Por isso, no século V, as invasões bárbaras acabaram por pôr fim ao domínio romano no Ocidente, tendo-se formado vários reinos com sistemas políticos distintos. Foi por esta altura que Lisboa começou a ser invadida por suevos, visigodos e muçulmanos.
Estabelecimento do Reino Visigodo
Aquando da queda do Império Romano, os visigodos estabeleceram-se na Península Ibérica – e em Lisboa – por volta do ano de 418. Este povo germânico conseguiu governar Portugal durante cerca de 300 anos. Porém, a sua derrota perante os muçulmanos viria a ditar o fim do seu império no ano de 711.
O domínio muçulmano
Como conta a história de Lisboa, no ano de 711, a cidade foi conquistada pelos muçulmanos, que lhe atribuíram o nome de Al-Ushbuna (nome que significava “porto encantador”). Também os muçulmanos reconheciam a importância de Lisboa, pelo que a metrópole foi crescendo de tal forma até ter, no século X, mais de 100 mil habitantes. Durante 500 anos, graças ao domínio muçulmano, Lisboa prosperou e tornou-se um importante centro comercial e cultural. Porém, o Império Muçulmano viria a cair em 1147, durante o reinado de D. Afonso Henriques.
A reconquista cristã de Lisboa
Foram muitas as tentativas dos cristãos para conquistar Lisboa aos muçulmanos. Mas tal só viria a suceder-se em 1147, durante a governação de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. Com a ajuda dos Cruzados que se dirigiam para a Terra Santa, D. Afonso Henriques conquistou Lisboa e tomou posse da cidade, formando, assim, o reino português.
Depois disto, o rei D. Dinis, o sexto rei de Portugal, viria a criar a Universidade de Coimbra, em 1290. Lisboa tornar-se-ia um centro de comércio internacional ainda mais importante. Muitos mercadores, oriundos de diferentes partes da Europa, chegavam à cidade com novos e melhorados conhecimentos sobre navegação e sobre produtos de luxo que vinham da Ásia, como especiarias e sedas. Ainda que a prosperidade lisboeta tenha sido abalada várias vezes nestes anos, devido às tensões com Castela e face à existência de vários terremotos, a cidade foi sempre capaz de se erguer.
A Era dos Descobrimentos
No século XV, Lisboa apresentava-se como um espaço central da Era dos Descobrimentos, sendo um importante ponto de partida para as rotas marítimas portuguesas para a África, para a Ásia e para a América. Os descobrimentos portugueses trouxeram grande riqueza e prestígio a Lisboa, tornando-a uma das cidades mais importantes do mundo. Graças ao Infante D. Henrique, o terceiro filho do rei D. João I, a armada marítima portuguesa foi capaz de alcançar países com produtos de grande interesse comercial, como ouro, marfim e especiarias.
Nesta época, os arquipélagos da Madeira e dos Açores foram descobertos e os portugueses alcançaram o Golfo da Guiné, onde começaram a incluir vinho e cana-de-açúcar nos circuitos comerciais. Também por esta altura, Vasco da Gama liderou a viagem do caminho marítimo para a Índia, onde chegou em 1498. Após esta conquista, foi possível chegar também à China, a Macau, à Indonésia e ao Japão. Deu-se também início às negociações com Angola e Moçambique.
Perante isto, Lisboa encontrava-se a comercializar produtos novos e exclusivos, como especiarias, tecidos de algodão, diamantes, porcelanas e açúcar do Brasil. Lisboa era, pois, considerada um mercado de luxo da Europa e, no século XVI, afigurava-se como a cidade mais rica do mundo. Contudo, o grande terremoto de 1755 pôs toda esta prosperidade em causa.
O terremoto de 1755
No dia 1 de novembro de 1755, aconteceu a verdadeira catástrofe: Lisboa foi devastada por um terramoto de magnitude 9.0 na escala de Richter. A este acontecimento seguiu-se um tsunami, que destruiu grande parte da cidade, e um incêndio, que durou três dias e “devorou” o que restava de Lisboa. No total, morreram 60 mil pessoas em Lisboa. Porém, o povo não desanimou, até porque a reconstrução da cidade era uma prioridade.
Graças às riquezas que chegavam de Minas Gerais e à determinação de Sebastião José de Carvalho e Melo, também conhecido como Marquês de Pombal, foi possível reconstruir a cidade. A área localizada entre a baixa de Lisboa e a Praça do Marquês de Pombal revela, ainda hoje, o sistema inovador criado naquela altura. Seguiu-se um plano regular com a abertura de largas praças e avenidas.
Em 1807, Lisboa foi ocupada pelas tropas francesas de Napoleão. No entanto, foi rapidamente libertada pelas forças britânicas, lideradas pelo General Wellington.
A Era Liberal e a Industrialização
No século XIX, Portugal vivenciou uma série de mudanças, incluindo a Revolução Liberal de 1820 e a Revolução Industrial. A Revolução Liberal de 1820, que estabeleceu a monarquia constitucional em Portugal, teve um impacto significativo na história de Lisboa. A cidade passou a ser governada por um parlamento, eleito pelo povo, e a população ganhou mais direitos e liberdades. A Revolução Industrial, por sua vez, também marcou profundamente o quotidiano lisboeta, já que a burguesia ia reconstruindo a cidade à sua imagem.
Neste mesmo século, a cidade tornou-se um importante centro industrial, com a construção de fábricas, portos e ferrovias. Tal situação levou ao crescimento da população e à modernização da cidade. Ao mesmo tempo, o debate político acentuou-se nos novos espaços públicos, como clubes e cafés de Lisboa, e por toda a parte foram surgindo lojas maçónicas, grupos republicanos, anarquistas e socialistas.
No entanto, este período foi marcado por muitas desigualdades e, em 1910, o povo revolta-se. Num processo de ruptura social e política, foi instaurada, em Lisboa, a Primeira República.
A ditadura do Estado Novo
A Primeira República não foi um período pacífico em Portugal, pois estavam a suceder-se várias greves em Lisboa. No meio do caos e da disputa política, a Primeira República não resistiu e acabou por cair. Ergueu-se, posteriormente, em 1932, uma ditadura, dirigida por António de Oliveira Salazar. Este período de repressão política e econômica durou até 1974, tendo Lisboa sido o principal palco dos protestos e manifestações contra o regime.
O totalitarismo assolou o mundo na primeira metade do século XX e Portugal não foi exceção. Em 1926, o país foi assolado por um golpe militar que instaurou a ditadura do Estado Novo. Também denominada Salazarismo, esta ditadura, que se prolongou até 1974, correspondeu a um período de repressão política e económica para Portugal. Lisboa foi a capital deste regime e, por isso, foi palco de vários protestos e manifestações contra a ditadura, caracterizada por ser antidemocrática, antiliberal, corporativista, colonialista e conservadora. Além disso, assistia-se a uma perseguição aos partidos políticos e aos opositores do regime, a uma concentração do poder, a guerras coloniais, à censura e à defesa de ideais conservadores, que tinham como lema “Deus, pátria, família”.
A ditadura de Salazar só entrou em decadência em 1960, sendo que, por esta altura, Portugal era uma nação economicamente atrasada em relação aos países vizinhos. Este regime foi completamente derrubado a 25 de abril de 1974, com a Revolução dos Cravos. Neste dia, as tropas portuguesas ocuparam vários locais de grande importância em Lisboa e ordenaram a destituição de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar que se encontrava, então, no poder.
A Revolução dos Cravos aconteceu inesperadamente na história de Lisboa e iniciou-se com a canção (proibida pelo regime autoritário) “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso. A transmissão desta música era um dos sinais combinados para o movimento começar. Numa manifestação pacífica, e em poucas horas, os militares derrubaram Marcelo Caetano. Este acontecimento ficou conhecido como a Revolução dos Cravos, pois a população, como forma de comemorar, foi para a rua distribuir cravos aos soldados que participaram no movimento. Hoje em dia, o cravo é símbolo da liberdade e símbolo de Portugal.
Depois da Revolução dos Cravos, que derrubou o regime salazarista, o general António de Spínola assumiu a presidência de Portugal. O novo governo invalidou a Constituição de 1933, que era a base do Estado Novo, e o sistema político pluripartidário voltou a ser legalizado. Portugal entrou novamente num período de instabilidade política e de governos provisórios. O processo revolucionário viria a terminar com a aprovação da Constituição de 1976 e com a eleição do general António Ramalho Eanes. Desde então, Lisboa e o país têm sido governados, em alternância partidária, por um regime democrático.
Lisboa como centro tecnológico e turístico
Apesar de todos estes acontecimentos da história de Lisboa, a cidade conseguiu crescer e expandir-se. Com a entrada de Portugal na União Europeia, em 1986, Lisboa adquiriu planos urbanísticos para realojar, com mais e melhores condições, a população que vivia em zonas problemáticas.
A cidade continuou a evoluir ao ritmo de algumas das mais importantes capitais europeias, o que foi visível no melhoramento das suas infraestruturas e na construção de novas. Também se assistiu à remodelação dos transportes públicos, do sistema de segurança e do sistema de saúde.
Grandes zonas de Lisboa, como as docas, foram recuperadas. A cidade renasceu e foi capaz de ultrapassar um outro momento difícil – o Grande Incêndio do Chiado -, que deu origem à reconstrução, reforma e recuperação do centro velho. Em 1994, Lisboa foi considerada Capital Europeia da Cultura.
Em 1998, a capital de Portugal viu ser inaugurada a sua segunda ponte, que era também, na época, a mais longa de toda a Europa e a quarta maior do mundo: a Ponte Vasco da Gama. Certos acontecimentos internacionais, como exposições, foram aproveitados para se criarem importantes programas de requalificação urbana. Por isso, neste mesmo ano, Lisboa foi palco da Exposição Mundial de 1998, cujo intuito era comemorar os 500 anos das descobertas de Vasco da Gama. Todavia, este acontecimento teve um outro significado: transformou a fisionomia da parte oriental da cidade. Ou seja, este evento foi responsável por impulsionar ainda mais o crescimento e a atratividade da cidade.
Com uma democracia consolidada, Lisboa assume-se, nos dias de hoje, como uma das mais bonitas capitais europeias. A história de Lisboa pode ver-se nas ruas antigas e nos monumentos que constituem a cidade. Além disso, é uma das capitais mais visitadas, até porque as suas características tornam-na um destino turístico cada vez mais atrativo. Lisboa, a cidade do sol, é o destino ideal para quem procura cultura, lazer e hospitalidade.