Planejamento financeiro para estudar em Portugal: como fazer? 

Uma mudança de país pode representar uma virada de chave que vai guiar o restante da vida do imigrante. Muitos pensam no estudo como primeiro passo para abrir as portas a esta nova jornada, e estão certos. Hoje, vários brasileiros partem rumo a Portugal com o intuito de fazer um curso de graduação, mestrado ou doutorado. 

Os cursos que podem ser encontrados por valores justos somados à qualidade de vida aproveitada em terras lusitanas são alguns dos pontos positivos desse cenário. Leia o nosso conteúdo na íntegra para saber mais sobre: planejamento financeiro para estudar em Portugal, mensalidade, transporte, alimentação, custos mensais, cultura e lazer, entre outros temas de interesse. 

Por que é importante ter um planejamento financeiro para morar em Portugal?

Em primeiro lugar, se o curso for em período integral, não conceder algum tipo de bolsa ou não permitir o exercício de atividades profissionais, o essencial é que o estudante esteja preparado financeiramente para custear a sua vida em Portugal, e isso envolve desde as compras no supermercado até os momentos de lazer, entre amigos. 

De todo modo, no planejamento financeiro para estudar em Portugal, a intenção é que sejam avaliados custos de base inicialmente, como o preço do aluguel, as contas de água, luz e internet e, claro, a alimentação. Uma reserva financeira torna-se, portanto, fundamental (mesmo que a opção seja viver em cidades menores, onde o custo de vida é reduzido). 

Vale lembrar também que o aluno irá gastar com a solicitação da sua autorização de residência em solo português mas, antes disso, ele ainda precisará comprovar que tem como se manter mensalmente em outro país. 

Meios de subsistência para solicitar o Visto 

Segundo a portaria n.º 1563 de 11 de dezembro de 2007, a suficiência de meios de subsistência constitui condição para a entrada e permanência em território português, bem como para a concessão ou renovação dos documentos que formalizam a respectiva residência.

Esses são os recursos estáveis e regulares que sejam suficientes para as necessidades essenciais do cidadão estrangeiro e, se for o caso, da sua família, designadamente para alimentação, alojamento e cuidados de saúde e higiene.

O requerente de visto de residência deve dispor desses meios, por isso segue a importância do planejamento financeiro para estudar em Portugal. A referência da comprovação será o salário mínimo mensal de Portugal para o adulto e, se ele vier acompanhado de um ou mais membros da família, a esse valor será acrescido 50 % do salário mínimo (correspondente a cada membro familiar). Crianças e jovens com idade inferior a 18 anos requerem a comprovação de mais 30 % do salário mínimo.

Isso é demonstrado por meio de movimentações em contas bancárias (últimos 12 meses), documentos que se refiram à declaração de Imposto de Renda no Brasil e outros tipos de documentos que possam servir de base. 

Além disso, a devida regularização do estudante no país também se dará consoante às informações da própria universidade, que precisa emitir declarações informando que o aluno está devidamente matriculado naquela instituição de ensino e com as mensalidades pagas em dia. 

Mensalidade 

O preço da chamada “propina anual”, que é o valor pago à universidade pelo ano de curso, geralmente pode ser dividido em até 10 mensalidades, na maioria das vezes. Ou seja, um curso de mestrado que custa 2000€ pode significar um investimento de 200 euros mensais. O mesmo vale para licenciaturas e doutorados. No entanto, fica difícil estipular um gasto médio com a mensalidade, já que ela varia a depender da entidade de ensino e do curso escolhido. 

Há, ainda, universidades públicas e privadas que cobram taxas diferenciadas. Portanto, antes mesmo de iniciar os estudos, a candidatura e a inscrição ou matrícula para um curso, pode partir dos 30€  e alcançar até os 100€. 

Cabe ressaltar que quando o assunto envolve os cursos de licenciatura, os custos estão acima dos 4.000€ anuais. A título de conhecimento e comparação, atualmente, um curso de Licenciatura em Marketing pela Universidade de Aveiro tem o valor de 4650€/ano, para estudantes estrangeiros. Na mesma universidade, um Mestrado em Marketing abrange o pagamento de 4000€/ano e o Programa Doutoral em Marketing e Estratégia (lecionado em inglês) tem o valor de 2750€ /ano, ambos os preços relacionados à cobrança para estudantes internacionais. 

Na Universidade da Beira Interior (UBI), há uma prestação única anual para todos os cursos de graduação ou licenciatura, que está na faixa dos 5000€ (podendo, claro, o valor ser dividido em até dez vezes). Por outro lado, 1500€ é a taxa anual cobrada a todos os cursos de mestrado. 

E se a preferência é por um doutorado na UBI, os valores diferem segundo as áreas. Áreas de Ciências, Engenharia e Ciências da Saúde: 2000€/anuais e Áreas de Ciências Sociais e Humanas, Artes e Letras: 1625€/anuais. 

Assim, apenas duas entidades foram selecionadas para que fosse possível traçar um comparativo. Mas a facilidade é que, ao entrar no website de cada universidade, o candidato terá acesso de forma clara aos custos que abrangem cada um dos cursos, bem como valores cobrados para candidatura anterior e matrícula, que seria o passo que vem na sequência. Dessa maneira, até a programação de levantamento de custos torna-se mais tangível e a pessoa pode avaliar melhor o planejamento financeiro para estudar em Portugal.

Outro detalhe importante é que, não é porque a pessoa se candidatou ao curso que ela poderá entrar, logo de cara, no quadro de alunos da universidade. Existem provas, em algumas situações específicas; em outras, os comprovativos de notas de cursos anteriores ou a nota do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) para os candidatos a cursos de licenciatura; diplomas anteriores ligados à área que se pretende estudar, além de uma série de requisitos.

Somente após cumprir com todas as exigências é que o candidato estará apto para entrar em algum curso e deve aguardar para que a listagem dos aprovados seja divulgada. 

Outros custos com o curso escolhido 

Assim como as mensalidades anteriormente mencionadas e os valores de inscrição e matrícula em cada respectivo curso, a preocupação estende-se a outros custos que podem surgir. Eles são relativos a materiais, como livros, fotocópias e taxas para participação em palestras e seminários, quando estes não foram gratuitos. 

Sempre que houver a necessidade de solicitar requerimentos ou diplomas, esses pedidos também são feitos mediante taxas de pagamento. O valor de um comprovante de notas ao término de um curso, por exemplo, pode custar 30€ em algumas universidades. Por outro lado, o custo de pedido de um diploma de mestrado, ronda os 60€ ou mais. Então, mais uma vez, cabe ao aluno estar atento a essas situações. 

Transporte

Manter em mente os gastos mensais com transportes públicos e eventuais corridas de táxi, por exemplo, é mais um fator essencial dentro do planejamento financeiro para estudar em Portugal. 

Se a intenção for morar em Lisboa, o bilhete do transporte local (ônibus ou metrô) varia de 1,50€ a 2,00€. E, para o passe mensal, o preço normalmente gira em torno dos 40,00€.  Em contrapartida, a tarifa normal para a partida de início de um táxi está estabelecida entre 3,00€ a 4,00€. 

Já na cidade do Porto, o bilhete do transporte local custa de 1,20€ a 2,00€ e, o passe para o mês inteiro, pode alternar entre 30,00€ a 40,00€. Quando se fala dos preços de táxi, a taxa cobrada no início da corrida vai dos 2,60 € a 5,00€. 

Mas nas cidades de outros distritos, esses custos podem ser mais reduzidos, não oferecendo grandes gastos num primeiro momento. Uma média de preços de transporte em Castelo Branco, mostra que o  bilhete de ônibus tem valores de 0,95€ a 1,00€. A pessoa gasta menos no passe mensal, pagando de 20,00€ a 25,00€ nesse caso. Deste modo, o preço pago no início das corridas de táxi também diminui, e vai dos 3,35€ aos 3,90€. 

Tudo envolve pesquisa, ponderação e uma análise mais aprofundada por parte do interessado em iniciar o curso, para decidir em qual cidade pretende viver e quais os custos atrelados a uma determinada região. Lembrando, ainda, que o fato de possuir a carteira de estudante pode condizer com uma redução maior dos preços das passagens, e não só, das entradas em certos locais, também. Este é um ponto favorável. 

Alimentação 

Os gastos com alimentação passam pelas compras semanais e mensais em supermercados, porém também devem considerar os valores cobrados em cafés e restaurantes. Pensando nos valores de restaurantes na capital, Lisboa, é possível dizer que a refeição em um restaurante econômico custa de 7,00€ a 15,00€. A refeição para duas pessoas, em um restaurante comum, contando com três pratos, oscila entre 30,00€ a 80,00€. 

Se a ideia for morar em Porto, a refeição em um restaurante econômico pode passar dos 6,00€ a 12,00€ por pessoa. Quando se pensa em refeição para duas pessoas, três pratos custarão de 25,00€ a 50,00€. 

E partindo mais ao interior, em Castelo Branco os preços diferem, da mesma maneira. O preço da refeição, em um restaurante econômico, está entre 5,00€ e 7,50€. No caso da refeição para duas pessoas, em um local comum, três pratos saem pelo valor que se encontra numa margem entre os 30,00€ e 35,00€. 

Agora, ao citar custos gerais com supermercados, pode-se dizer que essa informação não é regra, varia em função dos hábitos de consumo de cada pessoa e o que ela costuma comer mais ou menos (frutas, legumes, pães, carnes, massas, doces, etc.). A grosso modo, um preço mínimo a ser gasto com supermercado por mês pode partir dos 165€ e atingir valores até os 400€.

Custos mensais 

É prudente que o aluno verifique os seus custos mensais de base, porque são eles que vão consumir boa parte da reserva financeira, desde o início da chegada a Portugal. 

Portanto, os serviços pagos mensalmente em Lisboa, que envolvem eletricidade, aquecimento, arrefecimento, água e taxas de lixo, para um apartamento de 85 metros quadrados, oscilam entre 79,33€ e 180,00€. Mais um ponto a ser observado é o custo com Internet (60 Mbps ou mais, dados ilimitados, cabo/ADSL), que vai dos 27,00€ aos 50,00€. 

Falando em Lisboa, o aluguel de apartamento de um quarto no centro da cidade possui uma média de preço de 875,43€, variando de 660,00€ a 1.200,00€. Já o aluguel de apartamento de um quarto, fora do centro, custa 669,43€, com preços entre 500,00€ e 850,00€. Além disso, o aluguel mensal de um apartamento de três quartos, no centro da cidade, corresponde a uma média de 1.920,00€. Como é óbvio, se o aluno morar em uma residência com outros colegas e dividir essas despesas, encontrará economia, tanto relativa ao preço do aluguel quanto aos custos de serviços básicos mensais.  

No que corresponde ao planejamento financeiro para estudar em Portugal, contas similares podem ser feitas se o objetivo for residir na cidade do Porto. Lá, os serviços mensais que abrangem eletricidade, aquecimento, arrefecimento, água e lixo, para um apartamento de 85 metros quadrados, contam com média de 105,38€, e variam de  80,00€ a 150,00€. O preço do plano de Internet (60 Mbps ou mais, dados ilimitados, cabo/ADSL) pode rondar os 33,97€, numa margem entre 30,00€ a 50,00€. 

O aluguel do apartamento de um quarto no centro do Porto, chega a 700,79€, com preços entre 600,00€ e 900,00€. Para gastar menos, o preço a ser pago em um apartamento de um quarto fora do centro é de 530,59€, ou entre 450,00€ e 700,00€. E o aluguel de apartamento de três quartos no centro da cidade tem o preço mensal 1.243,75€ , em uma média entre 950,00€ e 1.800,00€. 

Ao fugir das grandes cidades e focar em uma moradia no interior do país, em Castelo Branco, o aluno deve saber que pagará por serviços básicos mensais, em um apartamento de 85 metros quadrados, o valor de 106,25 €, em média, e o plano de Internet pode custar de 30,00€ a 50,00€ mensais. 

No valor pago a um apartamento de um quarto, no centro da cidade, o investimento é de 300,00€, com variações. Em áreas mais afastadas do centro de Castelo Branco, esse valor vai para 250,00€ e, o apartamento de três quartos no centro da cidade, que pode ser de interesse para quem imigra com a família, varia de 500,00€ a 650,00€ mensais. 

Cultura e lazer 

Contudo, nem só de contas básicas e preocupações com o aluguel, vive o estudante. Independentemente de morar em Portugal sozinho ou com a família, motivos não faltarão para que a pessoa busque por diversão e lazer, e a boa notícia é que muitas dessas programações podem ser gratuitas. 

Na maioria dos municípios de Portugal, parques e áreas verdes estão à disposição de moradores e visitantes e muitos desses espaços não cobram nada na entrada. É por isso que o espaço público é muito valorizado em terras portuguesas, simplesmente pelo fato de que ele oferece segurança e sossego, ao acesso de todos, sem distinção. 

As festas populares, nas ruas, que estão muito ligadas às tradições de cada cidade, também reúnem shows, apresentações musicais e barraquinhas de rua com comidas e bebidas deliciosas. Mais uma alternativa para quem procura lazer e economia. 

Agora, ao abordar áreas como museus, teatros e shows em áreas particulares, claro, os preços são cobrados normalmente. Há shows que custam dos 5,00€  aos 70,00€ , para todos os gostos, idades e gêneros musicais. As peças de teatro podem também ser selecionadas em categorias diferentes, com preços igualmente distintos. Um bom lugar para realizar pesquisas nesse sentido é o conhecido site www.ticketline.sapo.pt, onde torna-se possível observar grande variedade de atrações que ocorrem em Portugal e respectivos valores. 

Os museus normalmente costumam não cobrar taxas altas à entrada, mesmo os situados em grandes cidades, praticam preços justos e acessíveis. Então não haverá impedimento para prestigiar uma boa exposição, esteja ela em qualquer um dos vários cantos de Portugal. 

As entradas em casas noturnas mais badaladas podem custar mais, pois existem algumas que exigem pagamento de até mais de 100,00€ . Logicamente, são casos específicos e que dependem do que cada pessoa está disposta a pagar. A maioria das danceterias, entretanto, possui valores condizentes com a realidade do povo português, abrangendo preços que vão dos 10,00€ aos 50,00€ a cada visita.